Presidentes da Amec e Abrapp debatem sobre Previdência e Mercado de Capitais
O Presidente Executivo da Amec, Fábio Coelho, e o Diretor Presidente da Abrapp (Associação Brasileiras das Entidades Fechadas de Previdência Complementar), Luís Ricardo Martins, participaram do programa Tamer 360. Com apresentação do jornalista Luis Sérgio Tamer, o programa promoveu o debate sobre temas atuais da Previdência Complementar Fechada e do Mercado de Capitais, como o fortalecimento da governança ajudou o enfrentamento da crise, engajamento dos investidores e práticas ESG (Ambiental, Social e Governança).
Na primeira parte, os representantes das associações debateram sobre o sistema de Previdência Complementar Fechada e as medidas de enfrentamento da crise. Foram ressaltados os avanços na governança dos fundos de pensão nos últimos anos e o alto nível de solvência dos planos de benefícios no período pré-pandemia, o que ajudou a amortecer os impactos da crise.
Agora à frente da Amec, Fábio Coelho citou que o desafio está na busca por maior sinergia entre os segmentos. “Tenho me debruçado no último ano na relação entre os investidores institucionais, em especial os fundos de pensão e assets, e as empresas investidas”, explicou. Ele analisou alguns dados sobre o setor de Previdência Fechada, que tem ativos da ordem de R$ 1 trilhão. “Os investimentos em Bolsa estavam chegando a R$ 200 bilhões antes da pandemia, que é um volume de recursos muito substancial no país”, disse.
O Presidente da Amec comentou que tem percebido essa aproximação com as empresas, reconhecendo o poder que os investidores têm sobre as companhias quando assumem uma postura de cobrança e de parceria para geração de valor. Ele explicou que quando o investidor busca o diálogo com os conselhos e com os administradores das companhias, também estão colaborando para que elas cumpram seu papel social neste período de pandemia.
Nesse aspecto, o executivo ressaltou a importância do maior engajamento, denominado de stewardship. “É o que se chama hoje capitalismo de engajamento, ou de stakeholders”, comentou. Fábio Coelho comentou ainda sobre o envolvimento de fundações de todos os portes, não apenas dos grandes fundos. “Não estou me referindo apenas às grandes fundações, que detém posições de controle, mas também aquelas que detém posições minoritárias”, defendeu.
Luís Ricardo, da Abrapp, reforçou a importância da aproximação entre as duas associações. Ele falou sobre o papel que os investidores institucionais deverão assumir nos próximos anos para contribuir para a retomada do desenvolvimento econômico do país. “Deveremos assumir maior protagonismo para sair da crise. E sabemos que somos importantes agentes de solução para os problemas sociais e macroeconômicos do país”, disse.
Ele coincidiu que a questão de maior controle de risco ESG depende também do maior engajamento nas empresas investidas. E que isso responde às aspirações dos participantes dos planos de previdência. “Nossos participantes esperam por isso, eles querem melhor performance, mas que ao mesmo tempo a ética esteja acima de tudo. É um movimento de integração, que vem consolidar nosso segmento e as empresas investidas”, contou Luís Ricardo, ao defender a maior disseminação das práticas ESG nas empresas.
Outro aspecto discutido foram as mudanças tecnológicas e de gestão incorporadas pelos fundos de pensão nos últimos anos e que ajudaram a enfrentar a crise atual. Luís Ricardo se referiu à preparação para a disrupção que está em curso nas fundações para enfrentar as mudanças no mercado de trabalho e de tecnologia, o que exigirá uma comunicação mais flexível e de um legado digital.
ESG nas fundações
Durante a entrevista, Fábio Coelho também abordou a evolução das práticas ESG no mercado de capitais global e no Brasil. Disse que no início de 2020, o segmento teve dois marcos fundamentais que devem entrar para a história. Um deles foi o Fórum Econômico Mundial, que trouxe essa pauta no centro das discussões, e logo em seguida o CEO global da BlackRock, Larry Fink, veio com um discurso de que os investidores institucionais deveriam assumir o papel de cobrar as empresas investidas uma aceleração de implementação de pautas ESG.
No Brasil, mesmo que em estágio menor de desenvolvimento que na Europa, o tema também vem ganhando importância. E explicou que é necessário avançar com habilidade na regulação, pois não adianta impor regras muito severas e rígidas de uma hora para outra, que o mercado e o governo não terão condições de assimilar. “O Santo Graal do ESG é indicar como os investidores integram os princípios socioambientais no processo de tomada de decisões dos investimentos. Como levar para a política de investimentos e para os conselhos das fundações. Não se pode chegar com uma pauta muito ousada e rígida de uma vez só. O setor precisa de tempo de absorver o tema, mas alguns passos precisam ser dados agora”, disse.
E lembrou que a Resolução CMN n. 4.661/2018 caminhou nessa direção, pois trouxe no artigo 10 que as fundações passariam a observar os riscos ambientais, sociais e de governança naqueles investimentos onde esses aspectos são mais relevantes. “Pode parecer uma regra simples, mas há uma década de trabalho para desenvolver essa redação. Vemos algumas fundações que já estão fazendo muito bem isso e a Abrapp está ajudando nesse sentido”, disse.
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