Abrapp realiza congresso anual com olhar voltado para a reinvenção do sistema de fundos de pensão

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A Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar – Abrapp – realizará a 42ª edição de seu Congresso Brasileiro da Previdência Privada (CBPP) com o tema “Atitude à Prova de Futuro” de 19 a 22 de outubro através de plataforma online (veja programação completa). Com uma abordagem voltada para a disrupção e necessidade de adaptação aos novos tempos, a próxima edição do tradicional evento anual dos fundos de pensão pretende abordar as oportunidades de reinvenção e crescimento do sistema em busca da ampliação para novos públicos. Ao mesmo tempo, o sistema procura aperfeiçoar a governança para manter a gestão de um patrimônio de mais de R$ 1 trilhão de aproximadamente 279 entidades fechadas (EFPC).

Luís Ricardo Marcondes Martins, da Abrapp. Foto: Divulgação.

Luís Ricardo Marcondes Martins, Diretor-Presidente da Abrapp, explica que o sistema de fundos de pensão brasileiros procura enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades do que ele chama de quarto ciclo de sua história. O primeiro ciclo veio com a Lei 6435/1977, que regulamentou os fundos de pensão das estatais e grandes empresas. O segundo ciclo chegou com a Emenda Constitucional n. 20/1998 que reformou as regras do Regime Geral e impactou o sistema de Previdência Complementar. Já o terceiro ciclo aconteceu após o advento das Leis Complementares 108 e 109/2001 com a consequente criação dos planos instituídos, da Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) e demais órgãos de regulação.

“Costumo dizer que estamos vivendo o quarto ciclo de nossa história com o esforço pela reinvenção do sistema. Nesse momento de processo, temos de pensar fora da caixa para enfrentar os desafios dos novos tempos e superar a disrupção”, comenta Luís Ricardo. As grandes mudanças no mercado de trabalho e na Previdência foram aceleradas ainda mais com a chegada da pandemia, que ampliou as consequências dessa disrupção.

A atual gestão da Abrapp tem buscado a ampliação dos planos de previdência para as novas gerações para os novos modelos de trabalho, cada vez menos regulados pela CLT.

“Incentivamos a criação de produtos mais flexíveis para atender a demanda das novas gerações, formadas em grande parte pelos nativos digitais, e impactados pelo fenômeno da pejotização. Vivemos um novo momento da sociedade e da economia e temos de nos adaptar rapidamente”, comenta o Diretor Presidente da Abrapp. Neste sentido, o representante destaca a criação dos novos planos dos servidores públicos e as opções voltadas aos familiares dos atuais participantes.

Por outro lado, o sistema enfrenta a tendência de aumento da longevidade que produz impactos sobre os antigos planos de benefício definido e atuais participantes. Além disso, as mudanças no cenário macroeconômico, com a redução dos patamares de juros praticado no mercado doméstico, impõem a necessidade de constante aperfeiçoamento da governança na gestão dos fundos de pensão. Todos esses temas estarão em discussão nas palestras, plenárias e debates técnicos do 42º CBPP.

Novo modelo de negócios

Nesse sentido, o congresso pretende incentivar o debate e a reflexão sobre a necessidade do fortalecimento de um novo modelo de negócios dos fundos de pensão. “Viemos de um momento anterior com produtos tradicionais com um modelo mais engessado. São planos criados para atender um outro tipo de trabalhador que mantinha um vínculo mais duradouro com a empresa”, comenta Luís Ricardo.

Como esse tipo de plano praticamente já não é mais oferecido para os novos trabalhadores, existe a necessidade de se criar novas opções para renovar o quadro de participantes das fundações. Para o Presidente da Abrapp, é necessário abrir novos planos para atender novos públicos como os familiares de participantes ou prestadores de serviços de um mesmo setor. Além disso, é preciso investir no fomento de planos instituídos para atender categorias profissionais que não possuem vínculo empregatício. E isso será possível com o desenvolvimento de uma nova cultura comercial de venda dos novos planos.

Para isso, é necessário incentivar o papel de maior protagonismo das lideranças dos fundos de pensão. “As lideranças precisam dar o exemplo para provocar a mudança de mindset. A mudança começa de cima para baixo”, comenta Luís Ricardo. Esse é um dos eixos que norteará a próxima edição do evento anual da Abrapp. Além disso, outro ponto importante é o destaque aos aspectos ESG (ambientais, sociais e de governança) que também estarão presentes na programação de quatro dias do evento. “Sem dúvida, o ESG é algo que veio para ficar. É uma demanda das novas gerações de participantes”, diz.

No aspecto ESG, Luís Ricardo enxerga pontos em comum da atuação da Abrapp e da Amec, na busca de valorização de investimentos sustentáveis tanto da parte das assets quanto dos fundos de pensão. Com uma visão de longo prazo, os investidores institucionais têm a necessidade de priorizar a sustentabilidade dos ativos para uma redução de risco nos portfólios.

Outro ponto de convergência das agendas das associações é o papel de articulação dos investidores institucionais para que assumam um papel de maior protagonismo na retomada do crescimento da economia. Com a redução da capacidade de investimentos do estado em setores produtivos e projetos de infraestrutura, o financiamento de diversos setores estará voltado cada vez mais aos investidores privados.

“Vejo diversos pontos em comum de atuação da Amec e da Abrapp para o fortalecimento da governança do mercado de capitais e das empresas”, conta Luís Ricardo. Ele afirma que a atual gestão da Amec, comandada por Fábio Coelho, tem promovido uma importante aproximação da associação com as fundações até mesmo pela sua experiência como ex-Diretor-Superintendente da Previc.

Programação

A 42ª edição do CBPP oferecerá uma ampla programação ao longo de quatro dias, com mais de 70 palestras, plenárias e insight sessions nos períodos da manhã e tarde. Um dos destaques do primeiro dia é a palestra magna com o professor, escritor e filósofo Mário Sérgio Cortella. No último dia, o destaque fica a cargo do professor e co-fundador do Conscious Capitalism Inc, Raj Sisodia.

O evento conta com forte participação de assets, consultores e prestadores de serviços como patrocinadores. Seus representantes participam como expositores nas palestras técnicas que são realizadas sempre no período da manhã dos dias do congresso.