Onde queremos chegar quando o assunto é a divulgação de políticas?

“De todas as inovações trazidas pela reforma, estas são as menos desenvolvidas”, disse Mauro Rodrigues da Cunha, presidente da Amec, ao iniciar sua participação no workshop sobre políticas de indicação, remuneração e transações com partes relacionadas. O tema, discutido em São Paulo no dia 17 de maio, foi o primeiro da série de workshops organizados pela B3 sobre como implementar as novas regras do regulamento do Novo Mercado.
Na avaliação de Cunha, o mercado brasileiro enfrenta dificuldades para convencer sobre a importância das políticas, ainda que todas abordem temas sensíveis. Ele reconhece que dados detalhados sobre remuneração não são uma demanda do investidor médio ou mesmo dos analistas que acompanham o desempenho das ações no dia a dia. “Precisamos olhar para a frente. É fundamental conseguirmos engajamento”, avaliou.
Para que interlocução avance, Cunha destaca a necessidade de acabar com certas práticas do mercado. Uma delas é a ideia de acreditar na privacidade absoluta dos administradores. “Estamos diante de um mercado público e onde devemos dar satisfação ao mercado. Não apenas sobre quanto ganha um executivo, mas como e porquê”, disse. O mesmo vale para os dados referentes à indicações. “Vamos acabar com o hábito de falar ‘meu conselheiro’, ‘seu conselheiro’. A administração precisa se preocupar em subsidiar o acionista de informações para que ele possa construir o melhor conselho”, disse Cunha, que dividiu a meda de debates com Alessandra Zequi (Stocche Forbes), Patrícia Pellini (B3), Ivan Clark (PwC) e João Laudo de Camargo (IBGC).
Pelo novo regulamento, companhias do Novo Mercado são obrigadas a aprovar e divulgar políticas formais para transações com partes relacionadas; remuneração dos administradores e empregados; e indicação de membros para cargos no conselho de administração, em comitês de assessoramento ao conselho e nas diretorias estatutárias. A medida está em vigor desde janeiro (se aplica aos IPOs), mas as companhias que já integravam o segmento ganharam dois anos para adotar as novidades. Nos próximos meses, a B3 realizará outros três workshops também direcionados às companhias que querem se preparar. Os próximos temas serão: auditoria e comitê de auditoria; gerenciamento de riscos; e compliance e controles internos.
Assista aos vídeos do workshop: