Remuneração de Administradores é tema da Comissão Técnica
Os associados da Amec receberam na Comissão Técnica de março os professores Patricia Bortolon, da UFES e Lucas Barros, da USP. Eles fizeram uma apresentação sobre diversas pesquisas acadêmicas com as quais estão envolvidos, centradas no tema da remuneração de administradores.
O primeiro trabalho debatido foi o artigo Facing the Regulators: Noncompliance with Detailed Mandatory Compensation Disclosure in Brazil. Neste trabalho, os professores, em parceria com Alexandre di Miceli e Ricardo Leal, demonstram que o argumento da violência utilizado por algumas empresas que não atendem à norma de divulgação da CVM, amparada por decisão judicial do IBEF-Rio, não corresponde à realidade. Inexiste correlação entre o grau de violência do local de atividades da empresa e o uso da decisão. Por outro lado, sobram evidências de que as empresas que optam por este caminho são exatamente aquelas que possuem piores indicadores de governança.
Outro estudo debatido foi Recent Activism Initiatives in Brazil, também em parceria com Ricardo Leal. Através de ampla pesquisa de atas de assembleias e reclamações abertas por investidores, os autores mapearam as iniciativas preferidas pelos ativistas no Brasil. As três principais são (1) eleição de membros para o conselho de administração; (2) rejeição de propostas em assembleias e (3) voto contrário a determinadas matérias. Os autores detectaram, ainda, um aumento no pedido de adoção de voto múltiplo e significativa redução da aprovação de propostas por unanimidade.
Também foi debatido o trabalho em andamento de Paula Guimarães, Ricardo Leal, Peter Wanke e Mathew Morey, Shareholder Activism Impact on Efficiency in Brazil. Os autores já identificaram, por exemplo, que as empresas menos eficientes é que costumam ser alvo de ativismo e que a eficiência das empresas tende a melhorar depois de atos de ativismo.
Por último, os professores apresentaram os resultados da pesquisa sobre “Say on Pay”, isto é, o nível de aprovação ou rejeição das propostas de remuneração da administração. A pesquisa, alvo da dissertação de Ingrid Ramos Lima a ser defendida em agosto, mostra que as empresas do Novo mercado e do Nível 2 estão mais sujeitas a controvérsias neste assunto do que as demais.
É neste ponto que os professores Barros e Bortolon apresentaram seu projeto de pesquisa, solicitando o apoio dos associados da Amec. Eles pretendem estudar os processos decisórios dos investidores institucionais na análise das propostas de remuneração das empresas abertas. O objetivo é, através de entrevistas com gestores de investimento, identificar características desses processos em cada instituição. As discussões na reunião já levaram a diálogos produtivos.
Os associados que desejarem colaborar com a pesquisa podem se comunicar diretamente com a professora Patricia Bortolon, através do e-mail patricia.bortolon@ufes.br.