AMEC aproveita expertise em governança para expandir atuação para o mercado de dívida

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Com larga experiência acumulada com os esforços aplicados no aperfeiçoamento do mercado de equities no Brasil, a AMEC entra em uma nova frente de expansão de suas atividades. Ao iniciar um novo mandato de sua diretoria e conselhos, renovado em junho deste ano, a Associação mira agora o mercado de dívida corporativa.

Mr. Regis Abreu.
Regis Abreu, da Tagus. Foto: Divulgação.

Ao longo desses mais de 17 anos de história, a AMEC se consolidou como a referência nacional de posicionamento e pensamentos sobre governança. Acho que essa franquia está estabelecida. A AMEC teve um papel importante em vários dos maiores casos de conflitos entre acionistas, como ocorreu na Petrobras, com a privatização da Eletrobras, entre muitos outros, em posicionamentos que acabaram contribuindo para o aprimoramento dos mercados”, explica Regis Abreu, membro do Conselho Deliberativo da AMEC e Sócio Gestor da Tagus.

Ele comenta que esse acúmulo de experiência cria tendências naturais para que a AMEC se credencie para um novo papel, que tem a ver com a expansão de suas competências já muito bem estabelecidas no mercado de ações para o segmento de crédito privado. A AMEC atuou decisivamente para o desenvolvimento e aperfeiçoamento do mercado de ações, que hoje conta com mais de 500 empresas listadas, com um funcionamento bastante robusto e complexo. Em relação aos instrumentos de dívida corporativa, o mercado ainda está em estágio inicial, dando os primeiros passos para seu amadurecimento.

Nos ativos de crédito privado, o mercado de debêntures no Brasil verificou maior crescimento nos últimos 6 anos. “Esse crescimento teve muito a ver com o ambiente pós-recessão de 2015, em que houve grandes mudanças na organização fiscal do governo brasileiro, principalmente, com a criação do teto de gastos. Na medida em que se criou um mecanismo de disciplina fiscal, automaticamente a resposta daquilo foi a queda da taxa de juro seguida de expansão do mercado de capitais para dívida”, lembra Regis Abreu.

ANDRE GORDON
André Gordon, da GTI. Foto: Divulgação.

André Gordon, Vice-Presidente da AMEC e Sócio Responsável pela Gestão da GTI, apresenta uma análise similar da trajetória do mercado e do papel da Associação. “Tivemos uma fase inicial de atuação muito promissora com a defesa dos direitos dos acionistas e o desenvolvimento do mercado de equities doméstico”, diz.

Com o período recente de queda das taxas de juros, houve um crescimento significativo do financiamento de empresas pelo mercado de capitais, tanto com as debêntures domésticas quanto com os bonds lá fora. As empresas passaram a financiar em maior escala suas atividades com instrumentos de dívida corporativa. E do lado dos investidores, as pessoas físicas e os fundos de pensão, além da maior participação das assets, passaram a adquirir maior volume de ativos de crédito privado, aponta Gordon.

Regis Abreu cita outros dois fatores para a expansão do mercado de dívida no Brasil. O fenômeno do alongamento das dívidas e dos ativos de crédito e o fortalecimento e expansão das plataformas de distribuição de produtos financeiros. “Antes de 2015, era praticamente inimaginável se pensar que uma empresa iria colocar uma debênture de 10 anos ou mais para distribuir para o varejo em uma dessas plataformas de distribuição. E que aquela debênture iria ter dezenas de milhares de CPF como investidores como acontece hoje”, ressalta o gestor.

Gerenciamento de conflitos

Luzia Hirata
Luzia Hirata, da Santander Asset. Foto: Divulgação.

Com o foco no mercado de ações, a AMEC acumulou grande expertise na atuação dos conflitos de interesses das companhias para a defesa dos direitos dos acionistas. “Esse cuidado em gerenciar conflitos de interesses está no cerne da expertise da AMEC. Nossa Associação possui pessoas que são profissionais extremamente experientes, que estão a muito tempo no mercado de capitais. Então, é um público que sabe levar o debate e sabe até que ponto isso pode ser discutido”, explica Luzia Hirata, membro do Conselho Deliberativo da AMEC e Líder de ESG da Santander Asset.

A gestora revela que há conversas bem avançadas no interior da Associação para expandir sua atuação para o crédito privado. Essas conversas e o consequente planejamento de atividades foi impulsionado pelo aumento da demanda das próprias associadas e do mercado em geral. “Fizemos até uma reunião para discutir um case específico e a demanda foi muito alta. Mais de 100 pessoas participaram do encontro. Isso mostra que de fato existe uma brecha”, aponta Luzia. Ela se refere a uma reunião realizada em maio passado para discutir um case específico de problemas com ativos de crédito de uma companhia de mercado.

“Claro que sempre vamos respeitar a confidencialidade e o interesse de cada um, mas eu acho que essa estrutura de governança que a AMEC desenvolveu ao longo de sua trajetória ajuda muito nesses casos, sempre com o cuidado com as informações sobre os associados. Isso é algo que está sempre em nosso radar”, comenta a Líder de ESG da Santander Asset.

André Gordon aponta que a demanda pela atuação no mercado de dívida tem partido principalmente dos próprios associados da AMEC, pois muitos deles ampliaram a atuação para o segmento de dívida. “Percebemos nos últimos anos que muitas assets ampliaram o foco além do mercado de equities. Várias delas passaram a focar no crédito privado. Então, a abrangência do escopo de atuação da AMEC é um projeto que nasce naturalmente por necessidade de seus próprios associados”, comenta.

O gestor acredita que a expansão da atuação da AMEC terá como consequência a atração de maior número de associados, permitindo também a ampliação da estrutura de atendimento.