Carta do Editor | Panorama Amec nº51

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As entidades de previdência complementar têm como função sine qua non pensar o futuro. Por um lado, isso significa uma gestão de recursos responsável para garantir o pagamento dos benefícios aos participantes. Já pela ótica do mercado de capitais, o alinhamento dos fundos de pensão às práticas ESG nos investimentos tem o potencial de gerar transformações duradouras e estruturais para o longo prazo.

A indústria, que atualmente administra patrimônio equivalente a 14,8 por cento do PIB brasileiro, vem diversificando o portfólio, em um contexto de taxas de juros historicamente baixas. Os dados mais recentes do setor mostram que a alocação em renda variável corresponde a 21 por cento da carteira, sendo 12 por cento em ações.

À medida que as fundações precisam atingir suas metas atuariais, esse processo deve continuar e até mesmo se expandir para classes de ativos como o private equity, apesar de receios com origem em experiências negativas no passado não tão distante. E esse processo pode ter impactos significativos no mercado. Como recentemente lembrou o economista Alexandre Póvoa, se a fatia de alocação dos fundos em ações atingisse 40 por cento, isso representaria um fluxo de 200 bilhões de reais à bolsa local.

Um recente estudo elaborado pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar (Previc) sugere que o setor vê com bons olhos a integração de fatores socioambientais e de governança nos processos de alocação de recursos, à medida que oito em dez gestores consideram que a adoção de princípios ESG na análise de risco melhora a performance dos investimentos.

Embora o reconhecimento do valor da agenda seja um primeiro passo promissor, como em todo início de jornada, é claro que há percalços. Os fundos avaliam que a escassez de informações e a falta de padronização das informações prestadas pelas companhias dificulta a análise e a maioria aponta que as opções de investimento disponíveis no mercado não são suficientes.

Ainda que esses obstáculos dificultem a adequação das fundações, os próprios fundos podem atuar de forma a desenvolver o mercado. Por meio do engajamento com investidas, é possível elevar os padrões de disclosure e também melhorar a governança, aspecto fundamental para investidores de longo prazo.

Nesta edição do Panorama, contamos com a presença de Paulo Werneck, Diretor-Executivo do BTG, para compartilhar as experiências sobre o cenário de investimentos para fundos de pensão e a importância da agenda ESG no setor.

Tenham uma excelente semana!

Fábio Coelho

Presidente-Executivo da Amec