COP 26: Board Global do ESG reunido

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Esta edição do Panorama Amec é publicada em meio a um dos momentos mais importantes para a agenda de sustentabilidade na história recente. As delegações do mundo todo estão reunidas em Glasgow, na 26ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas,  para traçar estratégias para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC até o fim do século – meta que obrigatoriamente passa por uma transição econômica para modelos de negócios sócio ambientalmente responsáveis.

Se em 2015, a COP 21 contribuiu para ampliar o conhecimento sobre “o que” eram as mudanças climáticas e “por que” é necessário freá-las, os participantes de Glasgow agora se debruçam sobre “como” fazê-lo.

Nesse sentido, vejo a COP 26 quase como uma reunião do board: em conjunto, as lideranças governamentais terão o papel de propor as diretrizes e apontar o caminho a ser traçado rumo à economia net-zero, mas caberá à sociedade – incluindo empresas, investidores e outros stakeholders – executar os planos para uma transição econômica eficiente, que leve em conta diferentes aspectos sociais, ambientais e de governança, especialmente após a pandemia de Covid-19. É uma tarefa hercúlea, e onde os feitos históricos não são animadores.

Em que pese o fato de que a maioria dos países ainda não conseguiu cumprir com as metas estabelecidas em 2015, na COP 21, e pairam críticas sobre o nível de comprometimento das nações para a COP 26, a boa notícia é que, dessa vez, os debates ocorrem em meio a um novo patamar de priorização da agenda ESG no mundo e no mercado de capitais.

Está claro que a transição para uma economia verde precisará de recursos humanos e de capital. Não à toa, a questão do financiamento para a agenda climática, incluindo as estruturas para um mercado de carbono, é um ponto central em Glasgow. Com isso, vemos uma convergência dos debates acadêmicos e governamentais com os movimentos de mercado dos últimos anos, que incluem o surgimento de cada vez mais produtos ESG, recordes de emissões de títulos verdes no Brasil e no mundo e, principalmente, cada vez mais investidores direcionando seu patrimônio a investimentos com viés sócio ambientalmente responsáveis.

Naturalmente, ainda há muitos desafios a serem enfrentados e não será possível solucionar tudo em um único evento. Nosso trabalho, como membros da sociedade civil e do mercado de capitais será o de regar as sementes plantadas nos debates de Glasgow e trabalhar para que deem frutos.

Na Amec, acreditamos que a melhor forma de conduzir este trabalho é passar o conhecimento adiante, sempre por meio do diálogo. Este mês, tivemos mais uma oportunidade de seguir com essa missão em nosso Fórum ESG Investidor-Empresa, uma iniciativa desenvolvida em parceria a Abrasca e a B3.

No primeiro dos 16 encontros, tivemos a oportunidade de trocar experiências com profissionais como Carlos Takahashi, Chairman da BlackRock no Brasil,  Fábio Barbosa, presidente da Fundação Itaú, Renato Gasparetto, VP de Relações Públicas e Sustentabilidade da Vivo e César Sanches, Superintendente de Sustentabilidade da B3. Foi um momento de muito aprendizado e troca genuína de percepções sobre a realidade de investidores e empresas ao implantar uma agenda ESG em suas organizações.

Por aqui, estamos animados pelos próximos encontros, que certamente oferecerão novas perspectivas e conhecimentos para que possamos aplicar as agendas para o futuro traçadas na COP 26.

Tenham uma excelente semana!

Fabio Coelho

Editor e presidente executivo da Amec